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sábado, 15 de agosto de 2015

A Gravidez e os Gatos

A GRAVIDEZ, GATOS E A TOXOPLASMOSE
Mitos e Verdades
Nunca nos desfazemos de nossos Amigos,
Assim Miou Bastet há milênios
e o Homem ainda não aprendeu a lição.

Clecienne Giacomin


Todo mundo que circula pela Internet entre ONGs de Proteção Animal e Protetores Independentes já recebeu dezenas, centenas de compartilhamento de Gatos que foram abandonados ou colocados para adoção porquê as suas Tutoras engravidaram. Todo Médico Veterinário contará ao menos uma história de abandono de Gato por conta da Gravidez de sua Tutora. Muitas famílias alegam que foi orientação dos Médicos Obstetras que temem a infecção da mulher com o protozoário Toxoplasma Gondii e a consequente Toxoplasmose  trazendo graves sequelas para o feto. Outros simplesmente abandonam por que alguma Tia, Avó ou Comadre aventou a possibilidade de “pegar” a famigerada Toxoplasmose do Gato da família. Até compreendemos o receio visto as consequências de uma infecção durante a gestação: aborto espontâneo, morte intrauterina, cegueira, más formações e hidrocefalia. Há uns anos uma novela teve alguns capítulos com uma Grávida querendo se desfazer do Gato da família por medo de pegar Toxoplasmose, houve uma onda de abandonos por todo o país e várias ONGs e Sites sobre Saúde iniciaram uma campanha de esclarecimento, portanto há boas matérias sobre o assunto. Mas, vamos ver que este pânico não corresponde a Verdade e que os riscos são praticamente nulos na convivência de Gravidas com Gatos. 


Uma medida importante e que faz parte de qualquer rotina de pré-natal, tendo a Gravida contato ou não com Gatos, é a testagem de seu sangue para a presença ou não do Toxoplasma Gondii. Alguns veterinários e obstetras solicitam também a testagem do sangue do Gato da Família para Toxoplasmose. Mas, a infecção do Gato pelo Toxoplasma Gondii se dá quando ele come ratos, pássaros e outros animais contaminados, portanto poucas as chances de um Gato que come somente ração e não possui acesso a rua estar infectado. Um gato contaminado irá eliminar os oocistos (“ovinhos” de toxoplasma), após 10 dias da contaminação, apenas uma vez e durante um período de 15 dias. Para que alguém se contamine vai precisar de pegar as fezes e depois levar a mão a boca, ou seja, limpar a caixa de areia e não lavar as mãos depois. Outra coisa, o oocisto só sobrevive pelo período de 48 horas nas fezes, sendo que ele só se torna infectante depois de 24 horas fora do organismo do Gato, não sendo ingerido dentro deste período seu ciclo de vida não se completa. Como disse a Médica Veterinária Gabriela Toledo (e também presidente da PEA )[i] :

“Estudos mostram que é impossível você contrair toxoplasmose beijando ou acariciando seu gatinho. Portanto, fique tranquila!  Seu gatinho não lhe representa nenhum perigo! Ahhhh, já estava esquecendo, não se contrai toxoplasmose através da lambida, mordida ou arranhões de gato.”



O gato tornou-se o grande vilão da TOXOPLASMOSE por ser o que se denomina HOSPEDEIRO DEFINITIVO, aquele que abriga o parasita até a fase adulta, quando este é capaz de se reproduzir e eliminar os oocistos. Qualquer outro animal será hospedeiro intermediário do parasita (mamíferos, aves e repteis) , neste caso infectado por ter tido contato com o oocisto esporulados em algum momento, mas o parasita não consegue se reproduzir e permanece vivo dentro do hospedeiro, especialmente na musculatura. Estes hospedeiros intermediários também são fontes de infecção para o ser humano. O contagio com o Toxoplasma Gondii ocorre mais comumente por meio de:

  • Ingestão de carnes cruas ou mal cozidas como as bovina,  de carneiro e de porco,
  • Por meio de Frutas, Verduras e Legumes que tiveram contato com a terra contaminada e não foram higienizados,
  • Facas ou outros utensílios contaminados com o Toxoplasma e que não foram higienizados podem contaminar os alimentos,
  • Beber água contaminada;


Normalmente uma pessoa saudável nem irá perceber que foi infectada pelo Toxoplasma, seu organismo irá reagir e num exame de sangue poderá ser constatado que é soropositiva, ou seja, seu corpo carrega anticorpos contra a doença. No caso de pessoas já com a saúde comprometida ( imunodeficientes ou imuno suprimidos) os sintomas da infecção podem aparecer.  No caso de uma Mulher soronegativa (ou seja, nunca teve contato com o parasita) que engravida deve tomar cuidados para não se infectar, em especial nos três primeiros meses da gestação, sem tratamento adequado a Mãe pode transmitir o Toxoplasma para o feto com todas as consequências negativas. Uma Mulher Soropositiva que engravida não precisa se preocupar.

Podemos concluir que para uma infecção por meio do Gato, este deve estar verdadeiramente doente, eliminando os oocistos, a caixa de areia deve ficar suja e sem limpas por mais de 24 horas, a pessoa deve mexer nas fezes e depois levar as mãos sujas a boca e assim ingerindo os oocistos esporulados do Toxoplasma Godii. Situação que cuidados básicos de higiene afastam completamente.


Para evitar a contaminação:

Cuidados Básicos:

  •  Sempre lave as mãos antes de comer e de beber,
  •  Após manipular carnes e alimentos sempre lave as mãos, 
  •  Ferva o leite antes de consumir,
  • Não tome água não tratada ou de origem desconhecida,
  •  Não coma carnes cruas ou mal cozidas e nem frutas, verduras e legumes não higienizados,
  • Embutidos só devem ser consumidos se tiverem a sua produção fiscalizada, e nada de consumir produtos de procedência duvidosa,
  • Ao limpar a caixa de areia e mexer em vasos e jardim, use luvas,
  • E sempre pode-se pedir que outra pessoa assuma a limpeza da caixa de areia.

Cuidados com o Gato:

  •  Só o alimente com ração, nada de dar carnes cruas ou mal passadas,
  • A caixa de areia deve ser limpa duas vezes ao dia,
  •  Caso o Gato esteja doente, desinfete a caixa sanitária e a pazinha com água fervente por 5 minutos todos os dias,
  • Mantenha o Gato dentro de casa evitando que ele cace ratinhos, baratas, lagartixas ou que coma alimentos suspeitos,
  •  Vacinação e vermifugação  mantidas em dia,
  •  E sempre leve seu Gato para um check up com o Medico Veterinário de sua confiança,
Outros cuidados:

  •  Estoque alimentos e ração de modo adequado evitando contato com insetos (estes podem “carregar” nas patas, por exemplo, os oocistos esporulados e contaminar alimentos e ração) .

Ficou claro que não é necessário de desfazer de seu Amigo Felino por conta da Gravidez e o medo da Toxoplasmose. Conviver com os animais é muito bom em todas as fases de nossas vidas. Tomando as medidas acima não há razão de ficar sem o seu Bichano do Coração.

Pincei o depoimento abaixo do site da ARCA BRASIL :
Depoimento da jornalista Sílvia Lakatos Varuzza, 40, mãe de Arthur, 2:
“Sempre convivi com gatos. E, quando falo que convivi, não me refiro a uma coisinha básica, do tipo “um ou dois gatinhos por vez”… Falo de abrigar dezenas de felinos, de pegar gato doente, atropelado, com verme, sarna, virose, giárdia…
Aos 38 anos, sem planejar, descobri-me grávida. Comecei a fazer o pré-natal e logo deparei com o preconceito e desconhecimento da classe médica.
Em primeiro lugar, todos os meus exames estavam perfeitos. E a sorologia para toxoplasmose foi negativa.  Ou seja: a despeito de sempre ter tido uma relação estreitíssima com os seres miantes, eu nunca havia sequer mantido contato com o toxoplasma. Ainda assim, o obstetra ficou me atazanando com observações do tipo “evite contato com gatos”. E, pior ainda, me pediu a mesma sorologia várias vezes durante aqueles nove meses. Como se, depois de passar quase quatro décadas sem me infectar, eu fosse pegar a doença JUSTAMENTE durante a gravidez…
Mas o fato é que eu estava preparada para enfrentar a pressão, e detinha informações de sobra para não me apavorar com o terrorismo exercido pelo médico. O que me entristece é saber que muitas mulheres enfrentam situações semelhantes, e sem possuírem a mesma bagagem de que eu dispunha, acabam se desfazendo de seus animais. 
Eu discuti muito com os médicos que me atenderam ao longo da gestação. Para todos, enfatizei quão ínfimas seriam as chances de alguém se contaminar pelo simples contato com gatos – e argumentei que os riscos de adquirir uma patologia desse naipe ingerindo vegetais mal lavados e carne crua ou malpassada são muito, muito maiores! Receio, porém, ter encontrado apenas ouvidos moucos…
Meu filho nasceu em 19 de setembro de 2010. O Arthur é perfeito e saudável, tem um astral ótimo e já curte observar atentamente os gatos que moram conosco. Eu, ele, meu marido e os moradores de patas e pelos de nosso modesto apê formamos aquilo que se chama ‘uma família feliz’.
Miau!”[ii]



Com a Chegada do Bebê, aproveite muito esta relação tão especial de crianças com gatos.
As fotos abaixo são filhos de amigas que não se desfizeram de seus gatos durante a gravidez, que cresceram ou estão crescendo com seus lindos Gatinhos. Lógico que sempre sob supervisão enquanto os bebês são pequenos. E lógico, crianças que crescem com Gatos possuem menor chance de desenvolverem alergias.





                                                     



Fonte:

Toledo, Gabriela - Toxoplasmose, a Culpa não é do Gato,  http://www.pea.org.br/cuidados/toxoplasmose.htm



Jhenniffer Uliana – Gatos e Grávidas: Mitos e Verdades, http://tudosobregravidez.blogspot.com.br/2015/07/gatos-e-gravidas-mitos-e-verdades.html


NOTÍCIAS DA ARCA - Grávidas e gatos: uma relação delicada, http://www.arcabrasil.org.br/blog/2011/04/gravidas-e-gatos-uma-relacao-delicada/


R7,  redação Pais & Filhos – Os Gatos São bem-vindos,
http://www.paisefilhos.com.br/familia/os-gatos-sao-bem-vindos/

Fotografias

Imagens 1, 5, 8 e 9 – Arquivo pessoal de Gabriela Toledo, Médica Veterinária e Presidente da PEA
Imagens 2, 3, 4,10 – retiradas da Internet sem indicação de autoria
Imagem 5 a – Vanne, grávida de Três meses, vai ficar com seus Sete Gatos – arquivo pessoal
Imagens 6 e 7 – Clecienne Giacomin
Imagem 11 – Faustina, filha dos amigos Mariana e Mauricio, arquivo pessoal
Imagem 12 e 13 – Tiago, o Gatinho da amiga Fabiana M. Monteiro, cuidando de seus dois filhos,  Juninho e Isabel

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